Entendendo a retenção: causas mais comuns
Peças automotivas importadas podem ser retidas por diversos motivos. As mais frequentes são:
- Documentação ausente ou inconsistente: invoice, packing list, certificados de origem ou certificados técnicos com informações divergentes;
- Classificação fiscal (NCM) incorreta: NCM errada gera exigências, tributos e atrasos no desembaraço;
- Exigência de certificações: peças que afetam segurança veicular, emissões ou sistemas críticos podem exigir homologação ou laudos técnicos;
- Valor declarado divergente: diferença entre invoice e referência de mercado que aciona fiscalização;
- Verificação física ou amostral: inspeção que requer abertura de caixas, testes ou análise técnica;
- Questões de propriedade intelectual: suspeitas de contrafação que resultam em apreensão para verificação.
Fluxo recomendado ao receber notificação de retenção
- Registrar a notificação: solicite número de processo, documento do terminal e descrição formal da retenção;
- Acionar o despachante: peça que habilite o processo no SISCOMEX e mantenha histórico de comunicações por e-mail;
- Reunir documentação imediata: invoice, packing list, certificado de origem, laudos técnicos e comprovante de pagamento de frete;
- Confirmar NCM e descrição técnica: caso haja erro, providencie retificação documental;
- Coordenar testes ou laudos: se houver exigência técnica, identifique laboratório ou perito e organize amostras;
- Negociar armazenagem e custos: peça orçamento de estocagem em câmara/área segura e documente responsabilidades;
- Decisão operacional: liberação com documentação, reexportação, destruição ou alienação em leilão — cada opção tem impactos legais e financeiros.
Documentos e informações que aceleram o processo
- Invoice detalhada: descrição do item, código de fabricante, número de série (quando aplicável), peso bruto/líquido;
- Packing list por caixa e por lote;
- Certificado de origem (se aplicável) e documentos de transporte (BL/AWB, Conhecimento Rodoviário);
- Laudos técnicos, manuais ou certificados de conformidade do fabricante;
- Comprovantes de pagamento e contratos de compra (para justificar valores declarados).
Tabela orientativa: prazos e custos
Estimativas gerais — variam por porto, terminal e complexidade do caso.
Etapa | Prazo típico | Custo estimado |
---|---|---|
Notificação formal | 0-24 horas | Sem custo |
Envio de documentação suplementar | 1-3 dias úteis | Honorários do despachante |
Inspeção física e testes | 2-10 dias úteis | R$ 300 - R$ 4.000 |
Armazenagem | diária | R$ 80 - R$ 900 / dia |
Reexportação / Destruição | variável | Depende do processo e taxas |
Responsabilidades legais e contratuais
Incoterms, contrato de compra e cláusulas logísticas determinam quem responde por custos de armazenagem, reembarque, seguro e possíveis penalidades. Em geral:
- O importador é responsável por apresentar documentação exigida para desembaraço;
- O despachante operacionaliza o processo e responde por protocolos;
- O armazenador/terminal cobra custos de estocagem e serviços adicionais.
Boas práticas que reduzem possibilidade de retenção
- Padronizar templates de invoice e packing list com campos técnicos e NCM;
- Solicitar ao fornecedor certificações e fotos das embalagens antes do embarque;
- Contratar despachante com histórico no segmento automotivo;
- Incluir cláusulas contratuais que definam responsabilidades em caso de retenção;
- Manter seguro adequado que cubra custos de armazenagem e perda por perecimento (quando aplicável).
Fluxos alternativos e decisões estratégicas
Quando a regularização é inviável em termos de tempo ou custo, o importador pode avaliar:
- Reexportação: retorno ao país de origem — exige coordenação logística e aprovação;
- Destruição autorizada: quando caracterizado risco sanitário, ambiental ou quando o custo de regularização supera o valor;
- Alienação em leilão: último recurso quando não há retirada e os custos se acumulam.
Checklist prático — ação nas primeiras 24 horas
1) Formalizar recebimento da notificação e registrar número do processo. 2) Acionar despachante e confirmar acesso ao processo no SISCOMEX. 3) Reunir e enviar invoice, packing list, certificados e laudos existentes. 4) Verificar NCM e, se necessário, encaminhar retificação documental. 5) Solicitar orçamento de armazenagem e decidir prioridade de manuseio. 6) Planejar próxima etapa: liberação, reexportação ou alternativa.
Conclusão
Resolver retenções de peças automotivas exige rapidez, documentação correta e coordenação entre as partes envolvidas. Procedimentos padronizados, fornecedores alinhados e um despachante experiente reduzem significativamente o tempo de retenção e os custos associados. Em casos críticos de manutenção de frota, considere cláusulas contratuais que priorizem respostas expeditas e cobertura de custos financeiros de paralisação.
Artigo produzido pela equipe técnica da Humber Brasil. Atualizado em 01/10/2025. Informações de caráter orientativo; consulte sempre autoridades competentes e seu despachante aduaneiro para procedimentos formais.